!DOCTYPE html PUBLIC "-//W3C//DTD XHTML 1.0 Strict//EN" "http://www.w3.org/TR/xhtml1/DTD/xhtml1-strict.dtd"> Panteras Rosa: agosto 2006

quinta-feira, agosto 31, 2006

Lesboa Party - 30 de Setembro


QUANDO
30 de Setembro de 2006 (a partir das 23h30).

ONDE
Gare Marítima de Alcântara(ao lado do Buddha Lisboa, antigo Salsa Latina).

COMO CHEGAR
Autocarro: 14, 28, 32, 43, 104; Eléctrico: 15;Comboio: Estação de Santos, Linha Cascais.

Os lesboetas podem, e devem, ir à Lesboa Party pela temática, mas queremos que fiquem pela bebida, companhia, diversão. E pela música da DJ Tânia Pascoal

BLOGUE DO EVENTO
http://lesboa.blogspot.com/

segunda-feira, agosto 21, 2006

GenderFuck & QueerManifesto



Cabeças de piça
E caras de cona
É o que sois, é o que usais
E não é entre as pernas
Mas nas lógicas mentais

O que é uma cona
Senão uma piça revirada
Que é uma piça senão
Uma cona hormonada

Carne não é mais que carne
Na cabeça a identidade
Gajas, gajos, gajEs
São maior complexidade

Mas nesta bela sociedade,
Entre as pernas reside a verdade
Os gajos fazem de árvore
Gajas e gajes são folhage

E se uma coisa é ser
Gajo, gaja, outra coisa qualquer,
Se a pila não faz um gajo,

E se a cona não é mulher

Então o género não está na coisa
Nem a coisa te dá poder
A não ser que pila e cona
Interfiram com o teu viver

Ora, o género mora na cabeça
Entre as pernas é só sexo
Ora, o género mora na cabeça
Entre as pernas é só sexo

Outra coisa é o desejo
Esse mora no sentir
Gostar de piça ou de cona,
Ou com ambos poder ir

Homo e hetero são prisões
Que só cancelam tesões
O desejo é mais complexo,
E, em nós, as emoções.

O gostar é mais diverso
Do que querer só carne ou peixe
Só a mistura é real
E além disso é universal

Homo ou Hetero? MENTIRA!
Todo o ser é sexual
Todos temos um e outro,
Que o desejo é animal.

Temos mais ou menos, é evidente
Cada pessoa 1 padrão diferente
Cada ser seu querer e grau
De repressão sexual

A vida também é paneleira
Quer queiras quer não tens disso na veia
Mas cada pessoa sabe de si
Um não é um não, e talvez não é sim

Cada pessoa é como é
O que interessa é ser feliz
Tenho rupturas a propor
Mas não venhas porque eu quis

É só se tiveres vontade
De questionar a identidade
Porque o ser é mutante, é lume
E nenhuma convenção te resume

Hoje não há pilas,
Hoje não há conas
Não há gajos, não há gajas, nem heteros, apenas gente

Segue uma proposta de exercício experimental
Hoje o hetero é quem se esconde
O paneleiro é que é normal
Assim como paneleiro é discreto
Senão a vida enfia-lhe um espeto
Hoje, hetero será marcado
E o seu exprimir a dedo apontado

Não é bonito, não é correcto
Mas é a proposta assente
Que o paneleiro partilhe
O seu sentir com toda a gente

Inverter uma lógica estúpida
Para vê-la ao contrário
Não é só uma brincadeira
Expõe o seu peso diário

Cabeças de piça
E caras de cona
É o que somos, é o que usamos
E não é aqui entre as pernas
Mas naquilo que pensamos

quarta-feira, agosto 02, 2006

QUANTO VALE A SUA VIDA EM PORTUGAL?


terça-feira, agosto 01, 2006

Quanto vale uma vida Transexual em Portugal?

COMUNICADO DE IMPRENSA 01-08-2006

Quanto vale uma vida Transexual em Portugal?
Homicídio de Gisberta desculpabilizado pelo sistema judicial como uma “brincadeira que correu mal”

Em Fevereiro deste ano, 2006, Gisberta Salce Júnior foi brutalmente e selvaticamente espancada e violada repetidamente durante dois dias por um grupo de adolescentes, parte deles pertencentes a uma instituição gerida pela Igreja Católica, parcialmente subsidiada pelo Estado Português: as Oficinas de S. José.
Sendo Gisberta uma sem-abrigo, estes factos consumaram-se num prédio em construção no Porto, onde ela pernoitava. No final dos dois dias, ainda viva, escapou de ser queimada para, em seu lugar, ser arremessada para um profundo buraco parcialmente cheio de água, onde veio a falecer afogada.

Os adolescentes, 13 com idades entre os 12 e os 16 anos, foram descobertos porque um deles mencionou o sucedido. Foram constituídos arguidos. Desde então, assistimos a um ver-se-te-avias de tentativas de encobrimento e de desculpabilização.

Da quase nula e pouco transparente informação que saiu a público durante o julgamento, retiramos discursos tão incoerentes e absurdos como “São miúdos, aquilo foi uma brincadeira que correu mal”. Declarações como esta, de “fonte judicial”, levaram à reacção da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados, que emitiu um comunicado público em que critica a condução do julgamento.

Uma bricadeira pressupõe, logicamente, que não haveria intenção de matar. O que não é passível de ser verdade já que foi noticiada, durante as audiências, a descoberta de que antes de ser atirada ao buraco, Gisberta pediu que a levassem ao hospital. Não restam, assim, dúvidas de que os seus carrascos sabiam que estava viva e que iriam por termo à sua vida com aquele acto. Depois de porem de parte a ideia de queimá-la, devido ao cheiro e ao fumo, escolheram o fosso, na esperança de que o corpo se afundasse.

É já de si muito grave e irresponsável que fontes judiciais qualifiquem publicamente factos desta natureza como “brincadeira”, para mais perante o desfecho de uma morte violenta. Mas sobretudo não se vislumbra como se pode manter a tese da inexistência da intenção homicídio quando até a inicialmente alegada “ocultação de cadáver, julgando que estava morta”, cai por terra.

É igualmente caricato que, após gorada a tese da morte por culpa das enfermidades de Gisberta (seropositiva, com hepatite e tuberculose e toxicodependente), se tente convencer a opinião pública de que a vítima não faleceu devido a dois dias de violência extrema, mas por afogamento. É um facto que Gisberta morreu afogada, mas, após tal violência repetida e continuada, não é de todo credível que qualquer pessoa tivesse ainda forças para se aguentar a nadar durante o tempo decorrido entre a queda no fosso e a descoberta do corpo. Mais, o simples facto de não ter fugido ou procurado auxílio entre o 1º e o 2º de violência revela o estado de extrema debilidade física em que a vítima foi abandonada após as agressões.

A causa do afogamento de Gisberta está directamente relacionada com as agressões sofridas por esta, e é parte inegável das mesmas. Sustentar, como fez o Ministério Público, que foi a água, e não os jovens, quem matou Gisberta, é tão incongruente como afirmar-se que enfiar a cabeça de alguém dentro de água até à morte, não se trata de um homicídio mas sim de afogamento.

Só podemos repudiar e condenar energicamente a forma como o Ministério Público lidou com este processo, bem como o restante sistema judicial e político por o terem permitido e aceite. Para quem tenha seguido este caso com um mínimo de atenção, a sentença era a que se esperava: uma desculpabilização quase total, pela qual Portugal deverá vir a ser confrontado internacionalmente. Dizem os advogados de defesa que só a qualificação do crime foi alterada, e não as medidas a aplicar. Ora, tais medidas são claramente uma questão de segunda linha quando se está a negar a verdadeira natureza do crime que teve lugar.

Ignora-se se houve pressões da Igreja católica ou de outros quadrantes da sociedade, mas é suposto a Justiça estar abrigada de toda e qualquer pressão. É esta a ideia com que se fica? Não!
Compreende-se como o Ministério Público desconsidera um homicídio motivado por ódio transfóbico a ponto de o transformar num mero caso de agressão? Não!
Como se pode esperar que o sistema judicial português seja credível com exemplos destes? Será isto justiça? Ou será que a justiça só funciona para alguns? Existem afinal cidadãos de segunda, filhos e filhas de um Deus menor.

Terá o caso decorrido desta maneira por se tratar de uma mulher transexual?
Terá decorrido assim por se tratar de uma sem-abrigo? Uma toxicodependente, com tuberculose e hepatite e seropositiva? Não deverão todas estas pessoas usufruir dos mesmos direitos, da mesma protecção social, legal e judicial que o conjunto dos cidadãos?

É por isso que reiteramos a urgência da inclusão do direito à Identidade de Género na Constituição e na restante legislação contra os crimes motivados por discriminação, como acontece já hoje com a “orientação sexual”, bem como um conjunto de leis semelhantes à “Gender Recognition Act” britânica, e medidas concretas e assumidas pelo Estado para a educação contra os preconceitos e as discriminações.

Para que não hajam mais ‘Gisbertas’
Para que não se duvide mais do Sistema Judicial Português
Pela igualdade, contra um grave desrespeito pelos Direitos Humanos em Portugal, caucionado pela Justiça


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Lara Crespo, activista transexual
Eduarda Santos, activista transexual
Stephan Jacob, activista trans
Jó Bernardo

*Panteras Rosa – Frente de Combate à Homofobia
*rede ex aequo - associação de jovens lésbicas, gays, bissexuais, transgéneros e simpatizantes
*PortugalGay.PT
*ªt. associação para o estudo e defesa do direito à identidade de género

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SENTENÇA GISBERTA: TRIBUNAL NEGA HOMICÍDIO

nem reconhecimento de que houve um homicídio, nem das sevícias sexuais quer tiveram lugar, nada... é terrível, mas nenhuma surpresa... Ora vejam:

Caso Gisberta: 13 menores condenados entre 11 e 13 meses de internamento
Porto, 01 Ago (Lusa) - O Tribunal de Família e Menores do Porto (TFMP) condenou hoje os 13 menores envolvidos nos maus-tratos ao transsexual Gisberta, encontrado morto num fosso de um prédio, a penas entre os 11 e os 13 meses de internamento em centros educativos.
O tribunal dividiu a condenação em três grupos de menores, com penas diferenciadas.
Um primeiro grupo, de seis, foi condenado pela prática de crimes de ofensas à integridade física qualificada na forma consumada e crimes de profanação de cadáver na forma tentada, tendo-lhes sido aplicada a medida tutelar de internamento em centro educativo em regime semi- aberto, pelo período de 13 meses.
O segundo grupo, de cinco menores, foi condenado pelo crime de ofensa de integridade física na forma consumada, com medida tutelar de internamento em centro educativo pelo prazo de 11 meses.
O terceiro grupo, constituído por dois menores, foi condenado pelo Tribunal pelo crime de omissão de auxílio, com medida tutelar de acompanhamento educativo pelo prazo de 12 meses.
Nos dois primeiros casos, o tempo já passado pelas crianças em centros educativos não será descontado no período da pena.
A leitura da sentença começou pelas 14:30 e foi aguardada por alguns amigos e familiares dos menores, que tiveram de permanecer à porta do tribunal onde decorreu a sessão, devido a limitações de espaço.
Minutos antes, pelas 14:00, os 13 menores chegaram ao Tribunal transportados em três carrinhas e escoltados por duas viaturas da PSP.
Embora a leitura da sentença tenha sido pública, ao contrário do que aconteceu nas sessões para produção de prova, só podiam entrar na sala de audiências parentes mais próximos dos menores e um grupo de três jornalistas, precisamente devido à dimensão da sala.
Além dos 13 menores que hoje foram condenados, o caso envolve um rapaz de 16 anos, que chegou a estar preso preventivamente e que aguarda agora o desenvolvimento de um processo criminal autónomo.
Este jovem terá pedido aos demais que parassem as agressões que alegadamente foram infligidas a Gisberta, ao longo de vários dias, antes de ser atirada ao fosso com água.
O transsexual brasileiro Gisberto Salce Júnior, 46 anos - conhecido por Gisberta ou Gis - morreu na sequência de várias agressões e o seu corpo foi encontrado submerso no fosso de um prédio inacabado, no Campo 24 de Agosto, Porto, depois de um dos jovens ter contado o sucedido a um professor.
Um perito médico-legal concluiu que o transsexual morreu vítima de afogamento e que as lesões que lhe foram alegadamente infligidas pelos menores não eram fatais.
JGJ/ICO.
Lusa/Fim

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