!DOCTYPE html PUBLIC "-//W3C//DTD XHTML 1.0 Strict//EN" "http://www.w3.org/TR/xhtml1/DTD/xhtml1-strict.dtd"> Panteras Rosa: outubro 2011

segunda-feira, outubro 10, 2011

DIA 15 de Outubro a Democracia Sai à Rua (e nós saímos com ela)


Uma bixa de sete cabeças

As Panteras Rosa participarão nas manifestações previstas em várias cidades do país e também na Assembleia Popular prevista em Lisboa este sábado, dia 15 de Outubro.
Apelamos à participação de todos os colectivos e activistas lgbtqi, e da população em geral nestes eventos e nos movimentos de contestação que exigem o fim da chantagem da dívida, o aprofundamento - e não a falsificação e o esvaziamento - da democracia, que se opõem à ditadura dos mercados financeiros e à precariedade e à austeridade como inevitabilidades - por mais, e não menos, direitos sociais e sexuais.

Por toda a Europa e nas revoluções do Mediterrâneo e na Península Arábica o movimento LGBTQI (lésbico, gay bissexual, transgénero, queer e intersexo) tem participado da luta pela democracia real, tem constituído grupos de trabalho e reivindicado liberdade para além das politicas governamentais e mainstream. A liberdade sexual e de género não pode continuar refém de um modelo consumista de corpos, e de um saneamento institucional dos nossos afectos e formas de expressão.

Todas as pessoas devem participar nestas manifestações, porque, como tanta gente à nossa volta, seremos (ou estamos já ser) todxs afectadxs pela actual crise, pela chantagem de uma dívida ilegítima e pelas medidas de austeridade que aí estão, a desmantelar-nos as condições de vida, o estado social, o país e os direitos sociais. Se nos calarmos agora, o empobrecimento forçado a que estamos a ser sujeitos é a única verdadeira inevitabilidade. Estamos todxs a saque, o país está a saque, o contexto nacional e internacional altera-se à velocidade da luz, todxs estamos ser afectados directamente, todxs conhecemos, pelo menos, alguém que nos últimos dois, três meses perdeu o emprego, a casa onde vivia e outros direitos essenciais. A comunidade LGBTQI existe na sociedade, não é uma ilha, não está imune a uma situação de empobrecimento geral ou de limitação crescente dos direitos democráticos.

Muito em breve, numa crise económica com estas dimensões, perante o ataque generalizado a todos os direitos sociais, laborais e de cidadania adquiridos, viveremos todxs muito pior e os direitos das minorias estarão sob ameaça. É a própria democracia que está ameaçada perante a ditadura dos bancos e mercados financeiros; face à chantagem de uma dívida falsa que não passa de uma manipulação ilegítima; quando se quer fazer pagar pela população, como "dívida soberana" ou "dívida pública" aquilo que afinal é dívida privada ou da corrupção e da má gestão; e quando se faz recuar décadas um país inteiro para manter ou aumentar, à custa da miséria geral, as taxas de lucro dos mesmos de sempre, e cancelar, como há tantos anos desejava a direita, os direitos das pessoas e a própria democracia por muitos anos.

Com o actual grau de alarme na sociedade portuguesa, não poderíamos estar imunes nem podemos encerrar-nos no nosso gueto ou num activismo institucional que negoceia direitos lgbt com o poder (quando este lhes é favorável, não é o caso) mas fecha os olhos às dinâmicas gerais do país - tudo isto são questões vitais para a comunidade LGBTQI e o movimento social LGBTQI deve preparar-se para largos anos de resistência em defesa do que conquistámos nos nossos 10-15 anos de existência enquanto movimento social.

Estão a ressurgir discursos de ódio, e a crescer alimentados pelo desespero das pessoas com a actual situação económica. Todos os direitos que temos actualmente reconhecidos serão colocados em causa com a actual crise, disso já não temos dúvidas, e não necessariamente com recuos legais - embora alguns avanços recentes possam realmente estar ameaçados - basta um grande, gigantesco, retrocesso civilizacional.

Os direitos sexuais e reprodutivos já estão em causa quando se ataca a comparticipação da pílula nas farmácias, quando se desmantela o Serviço Nacional de Saúde, quando se desmantela a Segurança Social e as funções sociais do Estado, reforçando-se assim a dependência familiar, minando-se autonomia (incluindo a autonomia sexual) das pessoas, sobretudo das mulheres e dxs jovens.

Tudo isto está a caminho e acontecerá SE não nos mexermos. Agora, pois depois será tarde e o país será outro, muito distinto. E noutro tipo de regime não há nem direitos nem movimento LGBTQI, nem visibilidade de identidades, sexualidades e modelos familiares e relacionais alternativos, ou liberdades em geral. É preciso esquecer a ideia feita de que "estas coisas não andam para trás". Andam, a história demonstra-o, e só a consciencialização, a mobilização, e movimentos vivos, participados e abertos ao conjunto da sociedade podem evitá-lo.

No dia 15 de Outubro, todxs à rua pela liberdade!

panteras rosa - frente de combate à lesbigaytransfobia
Outubro 2011